A Lua
As ondas tocam suavemente em meus pés e a areia reflete a luz das estrelas que brilham intensamente. Desta vez, há uma lua maravilhosa sobre mim, fazendo-me companhia e, ainda assim, estou nervoso, como na primeira vez.
Antes, entretanto, não havia lua. Eu apenas via a luz do farol, tão distante e intermitente, que era insuficiente para acalantar meu coração aflito. Acabara de discutir com meus pais e, como todo adolescente, queria simplesmente sumir!
Ao procurar o lugar mais esmo para mergulhar em meus pensamentos, encontrei esta pequena praia, pouco frequentada naquele momento, afinal já se passavam das dez horas da noite. Não que me importasse com a hora e, tão pouco, com o tempo.
Sentei-me, simplesmente, encarando a imensidão do mar que, ao longe, tocava o céu. Foi quando pude sentir o véu negro da noite me envolvendo e o vai-e-vem das ondas trouxe à tona meus pensamentos, fazendo-me sentir o gosto salgado do mar através de uma lágrima que atravessou o meu rosto e umideceu os meus lábios.
Neste momento ouvi uma melodia cortando o vento, dizendo que eu não deveria ficar tão triste. Virei-me em direção àquela voz surpreendentemente doce e fiquei atordoado. Não sabia que se nos sentíssemos bastante solitários e desamparados os anjos se compadeceriam e nos fariam companhia.
Acho que cheguei a falar isso porque ela sorriu! Um sorriso meio tímido que deixava a palavra perfeição insuficiente para descrevê-lo. E, novamente seus lábios se moveram, dizendo, mais uma vez, que eu não deveria me entristecer, porque o que quer que houvesse acontecido, acabara, e agora eu estava com a noite, a melhor companhia para corações aflitos.
Neste momento, entretanto, meu coração já não estava aflito. Ele exultava! Ela não deveria saber o quanto era linda, a ponto de fazer a noite se constranger. E eu admirava cada detalhe seu: o brilho de seus olhos tão meigos, seus cabelos que esvoaçavam ao vento, seu perfume delicado, sua voz cálida... Nesta mesma noite eu a amei! E conversamos por vários minutos, talvez horas. E combinamos de nos encontrarmos novamente neste mesmo lugar.
E, mais uma vez, estou sentado sobre a areia branca desta prainha, só que, desta vez, eu a espero. E quando a vejo, ao longe, sinto meu coração palpitar. Mesmo depois de tanto tempo seu sorriso ainda é o mesmo, e seus cabelos ainda balançam junto ao vento, desta vez, brancos como a lua que, hoje, se faz presente.
Não poderia esperá-la em outro lugar em nosso aniversário de casamento. E ainda há o nervosismo, mesmo depois de cinquenta anos. Porque ainda a amo como naquela noite sem luar, em que não a esperava, mas ela trouxe a lua que faltava à praia e à minha vida, dentro de seus olhos.
Muito bacana!!! E isso é apenas o começo
ResponderExcluirAdorei seu blog... super legal... totalmente confortante para a mente...
ResponderExcluirObrigada Little Joe. Espero que continue por aqui... Infelizmente não posto com tanta frenquência como gostaria, mas fico feliz que tenha gostado!
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