quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Momento Poesia!

 Olhar...

Perguntei-te quanto tempo é muito tempo
E as palavras que proferiste neste momento
Disseram-me: “Todo tempo longe de você...”
Meus olhos se viram tímidos, acanhados,
Foram surpreendidos pelo inesperado
Não souberam, de imediato, o que dizer!
Obrigados a se desviarem por um instante,
Quando voltaram ao teu semblante,
Depararam com a verdade do teu olhar!
Teus olhos aprazíveis que não ousam mentir
Acolhem-me como uma canção de ninar
E externam o que há de melhor em mim...
Lembrei-me de o porquê estou diante de ti
Porque teu olhar definitivamente me encanta
É sincero e curioso, como de uma criança
Por vezes, nervoso e um tanto amedrontado
Nessas horas pede, em silêncio, meu abraço
Mas estão sempre ali, sempre do meu lado...
Deixei os devaneios e voltei-me ao presente
Senti os teus olhos sobre os meus, novamente
Fitando a minha alma que permanecia calada
Mas que arquitetava o que estava por vir:
Dentro dos teus olhos eu faria morada
Daqui para sempre viveria dentro de ti...


quarta-feira, 3 de junho de 2015

Momento Poesia!



Sonhei contigo esta noite
Vi teus olhos dentro dos meus
Abri um sorriso estonteante
Era um olá e não mais um adeus!

Fomos tudo o que já fomos
Conversamos sobre o infinito
Retomamos nossos planos
Duvidamos do que foi dito

Subimos nas árvores da praça
Filosofamos sobre a dor
Rimos de nossas desgraças
Cantarolamos Rock ‘n Roll

Tentei te demorar comigo
Te queria tanto por aqui...
Que ultrapassássemos o onírico
E que voltássemos a existir

Porque ainda tenho tanto a contar
Tudo o que no dia a dia acumulo
Queria te encontrar do lado de cá
E não somente enquanto durmo


domingo, 8 de março de 2015

Proseando...



Contos do céu e da neve. Parte II

 
          E lá estava a pobre corujinha nutrindo um sentimento tão grande por algo inalcançável. O amor tem dessas coisas, afinal... Parecer-nos possível e tangível algo que, na verdade, não é! E motivada por essa crença, dia após dia, a pequena coruja fazia um trajeto tortuoso cruzando fronteiras até alcançar aqueles galhos secos e congelados de uma árvore muito específica, pois o que ela buscava, na verdade e acima de tudo, era encontrar aquele olhar que, em meio à imensidão invernal, era o que lhe aquecia o coração.

          Este olhar vinha de um urso que, talvez por pena, talvez por afeição, passou a demorar-se um pouco mais em seus momentos de descanso junto à sua arvore, local onde, agora, a coruja diariamente pousava. O que virou a rotina àqueles dois estranhos que se encontravam e conversavam horas a fio sobre seus mundos tão diferentes.

           Bastante tempo se passou - o que não era notado porque onde o urso morava o inverno não tinha fim. Entretanto, foi um tempo suficiente para que a corujinha acreditasse que o coração do urso a pertencia por completo, tão qual o seu pequeno coração alado já o tinha como dono. Mesmo que outrora relutasse em ceder seu coração, desta vez sequer teve escolha, pois este se rendeu por completo rumo ao desconhecido.

           Acontece que a cada dia que a coruja dedicava àquele local gelificado, um pouco mais de suas penas congelavam... Na maioria das vezes ela não se importava, pois queria mesmo era fazer-se presente naquele momento tão precioso em que o urso lhe dedicava atenção. Em outras vezes, entretanto, quando o mal estar das pequenas feridas era grande demais, ela a ignorava.

           Porém, a dor que começava a ficar insuportável era a de perceber que a única coisa que recebiam um do outro eram as suas vozes, confissões e risadas.  E a corujinha, apaixonada pelo impossível como estava, percebeu que isto não mais a satisfaria! Notou que mesmo atravessados quilômetros e mais quilômetros todos os dias, não conseguiriam quebrar a pequena distância de uma árvore morta, já que a ave pousava em seu topo e o gigante polar pertencia à sua base.

          Quando esse pensamento ficou forte o suficiente em sua cabeça, a coruja decidiu dividi-lo com o urso, pois esta era a única dor que ela não conseguiria suportar. Mas, no momento em que o fizera, derramou por sobre o momento não somente as palavras que lhe sufocavam. Junto com elas, a coruja permitiu que saíssem lágrimas e mais lágrimas que abriram caminho por entre seus olhos timidamente fechados e escorreram por suas penas.
           
          Pequenas gotas que lhe percorriam o corpo e que não alcançavam o chão, pois congelavam pelo meio do caminho, mesmo que o trajeto fosse percorrendo um corpo quente de respiração ofegante. Quando ela decidiu que já era hora de partir, possivelmente para sempre, ela sentiu – antes mesmo de ver – as mãos do urso que colhiam as lágrimas antes que atravessassem o corpo da ave ou que virassem cristais de gelo.

           Quase não acreditou! O urso escalara a árvore seca e, por um segundo eterno, os dois seres se tocaram pela primeira vez. A surpresa da coruja foi tão grande que suas lágrimas cessaram imediatamente, enquanto seus corpos dividiam o mesmo horizonte, afinal... E foi quando a corujinha não mais se incomodou com o sacrifício que fazia para estar ali todos os dias. Não se importou com suas penas congelando dia após dia, porque agora os olhos eram nos olhos e o toque era possível!

          Mas não se anime e não espere por um final feliz... Afinal de contas, como pode ser feliz o que termina em tragédia?

sábado, 10 de janeiro de 2015

Momento Poesia!



 Avante
 
Para onde o tempo vai, afinal?
Ao nos darmos conta
O dia acabou
O mês já passou
O ano mudou...
E onde foi parar o que ficou?
Todo agora já é outrora
A cada minuto, perdeu-se a hora
O que tem já foi embora!
Sendo assim, o tempo segue...
Alcançá-lo nunca será possível
Pois ele ruma inexoravelmente
Em direção ao infinito...
Tanta pressa o tempo tem
Que o seu rastro é que nos resta
Devemos segui-lo para o além
E o caminho será às cegas...
Mas, de certo, em linha reta
Pois não há como regressar
E a cada novo piscar
Nada é igual a ninguém
Este momento não é mais este lugar...
Nossa sina é seguir o tempo
Registrando em pensamento
Tudo o que nos satisfaz
Porque se quiser este momento
Sentirá apenas o vento
Do que não existe mais