sexta-feira, 19 de julho de 2013

Proseando!

Lua (s)

      A lua, apesar de ser só uma, divide-se, admiravelmente, em quatro! Quatro partes diferentes de uma coisa só. Um só ser em quatro fases, quatro vidas.

        Há a lua minguante. Fininha e magrinha. Que, a princípio, pode parecer simples demais e talvez sem encantos, mas ela possui uma beleza ímpar que só é percebida se você analisá-la mais atentamente. Permita-se olhar para ela e veja o que os outros não veem. Perceba que ela é sensível, que ela pode ouvir seus lamentos e que está sempre sorrindo. Mesmo que seja aquele sorriso fininho e malicioso, o que importa é que ele está sempre lá!

     Há a lua crescente. É uma lua cheia de incertezas, que não tem consciência de sua própria beleza e se sente insegura por não ter uma forma certa. Ora se sente pequena demais diante da noite e busca incessantemente ser maior do que é; e ora se sente de um tamanho que não se adequa ao mundo e tem vontade de sumir. Mas, no meio da confusão que seus vários tamanhos lhe causam, ela mantém o constante sorriso por entre as noites.

        Há a lua cheia. Esta certamente é a mais majestosa de todas. É de uma beleza imensurável capaz de tornar tudo o que toca mais bonito do que é. Quando aparece, todos os olhares voltam-se para ela sem que ela os solicite, simplesmente por ela ser como é. E apesar de ela ser assim tão grande e tão admirável, é de uma simplicidade maior ainda. É a lua mais bela e mais iluminada e é a inspiração para todos que estão ao alcance de sua luz.

     Por último, mas não menos importante, há a lua nova. É uma lua completa, perfeita. Tão maravilhosa quanto qualquer outra, mas que por algum motivo está encoberta. Todos sabemos que ela pertence à noite, pertence às luas, mas não a vemos. Não sabemos ao certo o seu paradeiro, se pretende ficar ou pretende ir. Mas ainda a sentimos aqui e, quando olhamos para a noite, sempre desejamos que ela, com o restante das luas, permaneça.

       Mas o fato é que, estejam juntas ou separadas, as luas são uma coisa só. Vagueiam por entre as noites sempre de mãos dadas e seguindo o caminho rumo ao infinito, sempre juntas. Porque são quatro luas em uma. Quatro almas em um só ser. Quatro vidas em um só coração.