sábado, 9 de agosto de 2014

Proseando...



Carta a um pai ausente

          Ser pai é algo além da minha compreensão. Não saberei o que é ver uma enfermeira se aproximando, virando levemente a cabeça e me entregando um bebezinho enrolado em panos brancos. Nunca saberei o que é chegar em casa e receber braços curtos exigindo entrelaçar meu pescoço e chamando-me de “papai”. E, por nunca estar do lado de lá, nunca saberei do tamanho do amor que um homem pode sentir por um filho... O único ponto que posso afirmar é que este amor é daqueles imensuráveis, daqueles sem fim!

              Só sou filha. E segui todos os trâmites do que é ser filha de um pai. Meus braços de criança já se espicharam para o homem mais importante na minha vida. Minha garganta adolescente já gritou para o homem que não compreendia a minha juventude. Meus olhos de adulto já se decepcionaram com o homem que não aceitava minhas convicções. Todos os homens em um só. Um homem, só!

               Carrego nas veias o sangue e o gênio deste homem, a quem chamo de pai. Que me ensinou sobre a importância do caráter e do respeito, sobre coerência e dignidade, sobre a vida e a poesia. E me ensinou que nada é melhor para gripe do que chá de limão e alho e que creme dental na têmpora alivia a dor de cabeça. Ensinou que sombras na parede feitas com as mãos, à luz de velas, quando falta energia, sempre são divertidas. Ensinou-me que os deuses são alienígenas.

         Sinto tanta falta de sua alegria, de sua descontração, de sua necessidade de transmitir informação, de seu alto astral, de suas brincadeiras e piadas. Sinto falta da sua comunicatividade, da vontade que tinha de estar comigo e das conversas, das muitas conversas quando discordar de suas ideias e ideais não era crime algum... Queria que não estivesse tão distante. Queria poder sentir seus olhos verdes encarando o castanho dos meus dizendo que nunca me abandonaria. Queria que sua mão estivesse segurando a minha e me guiando pelos caminhos difíceis da vida ao invés de eu ter que caminhar sempre tão sozinha.

            Sempre precisei de você ao meu lado, pai. Sempre. Porque você me dava força e inspiração. Transmitia sorrisos e sabedoria. Mostrava-me que eu sempre poderia ser melhor. E eu quis provar isso a cada dia. Esforcei-me diariamente para nunca lhe decepcionar. Desejei que tivesse orgulho da pessoa em quem eu me transformava, mesmo sabendo que você nunca estava satisfeito – coisa de pai, eu acho! Queria que não estivesse tão distante...

           Talvez seja mesmo assim, pais e filhos nunca irão se compreender totalmente. Porque exigimos perfeição um do outro e nunca a teremos, afinal. O fato é que, tenhamos a idade que tenhamos, devemos amá-lo incondicionalmente, pois nunca saberemos quanto tempo disporemos de sua companhia. Ora ou outra, a distância ou a morte arranca-o de nossos braços, e é nesse momento em que percebemos, com lágrimas nos olhos, que nossos braços sempre foram curtos e infantis, e que sempre estiveram espichados em volta do pescoço daquele que foi e será nosso eterno maior herói.

12 comentários:

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  5. Nova Iguaçu, 24 de março de 1987
    FELIZ ANIVERSÁRIO, PAPAI!
    Recebemos, no dia 19, carta enviada no dia 12. No mesmo período, enviamos carta pra vocês e até agora não recebemos resposta. Não receberam a carta???
    Papai, mamãe, irmãos... Vocês acabam de ganhar a primeira netinha e sobrinha!!!!
    É mole?
    Ela não sabe contar as novidades, ainda. Nós a esperávamos para abril. Chegou adiantada. Ela é uma gracinha!
    Não! Ainda não deu pra ver direito a cor dos olhos... Mas, parecem que puxaram os da mãe... Castanhos escuros.
    Ah! Ela nasceu na segunda passada, dia 16 às14:45h. Não! Eu não demorei para enviar notícias, mas o mano ficou de mandar um telegrama e seguiria viagem para Macaé. Acho que ele esqueceu de enviar. Esperei alguma notícia daí, um telegrama, mas até agora nada. Por isso resolvi escrever esta e enviar tb um telegrama.
    Meus parabéns a todos, pela neta e sobrinha!!!
    P.S. As duas estão com ótima saúde.
    Um beijão a todos.
    A neném está ótima!
    É só uma!
    Pai coruja

    Macaé, 13 de abril de 1987
    Querida mãe, irmã e mano
    Aqui tudo bem, continuo na plataforma da Petrobrás, e espero que esta os encontre da mesma maneira ou melhor...
    ------------------------------------
    Não sei como vai ficar a situação dele já que tem mais despesas todos os dias, agora com a chegada do bebê... (da bebê!)
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    Mudando de assunto, a sua neta é uma gracinha. Come pra caramba! E é chegada a uma televisão, parece que vai ser atriz. O pai vai bater umas fotos e mandar, certo?

    Nova Iguaçu, 16 de abril de 1997
    Espero que esta lhes encontre bem, pois comigo e com o bebê tá tudo bem. O meu parto foi bom, graças a Deus. Com o bebê tá tudo bem. É uma menina bonitinha. Muita gente acha ela parecida com o pai. Ela nasceu com 2,400 e já está com 4 quilos. Está bem gordinha, cheia de dobrinhas! O pai está apaixonado por ela, só vendo. Ela é muito esperta. Só que está um pouco gripada, mas tudo bem pois já levei ao médico e estou dando um remédio pra ela.
    O berço dela é bonito. O pai comprou e ele ficou bonitinho arrumado. Os meninos gostam muito dela. Estou muito feliz com a minha filha. Acho que assim que vocês puderem ver ela, vão adorar pois ela é uma gracinha. Só vendo, mesmo.
    O pai vai tirar foto dela e vamos enviar. Fiquei muito feliz saber que todos aí ficaram contentes com a chegada do bebê. Sabe, é tão gostoso ter em casa um bebê. Estamos muito felizes, principalmente o pai. Ele fez até uma festa comemorando a chegada da filha.
    Tem que ver como ele ficou bobo. Todos aqui em casa estão bobos com ela.

    Nova Iguaçu, 28 de abril de 1987
    Queridos pais e irmãos,
    Espero que ao receber esta já tenham recebida a outra, enviada ontem, na qual fiquei de mandar as fotos e acabei esquecendo de colocar no envelope.
    Bem, aí estão as fotografias. Foram as que ficaram boas. Bati mais outras três que não prestaram.
    Papai, eis sua netinha!
    Mamãe, aí está sua netinha...
    Tios...
    Logo logo escreverei outra tratando do assunto...
    Beijão em todos do pai coruja, tá?
    Escrevam logo dizendo algo sobre a neném.
    P.S. Hoje ela vai ao pediatra fazer um check-up

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  6. Nova Iguaçu, 14 de maio de 1987
    Queridos pais e irmãos
    Espero que esta lhes encontre com bastante saúde....
    ................................
    Desejo que ao receber esta já tenham recebido a fotografia com sua netinha.
    Não enviamos na mesma carta porque esqueci de colocar no envelope, é mole?
    ......................
    Bom, agora vãos aos assuntos daqui.
    Ainda não passou em mim o estado de “aleluia” em que eu me encontro por ser pai. Acho que o papai sabe com o eu me sinto. É incrível! Toda vez que eu vejo a neném, eu fico maravilhado. Até chorando eu a acho engraçadinha. Um pequeno ser fascinante.

    Manaus, 06 de junho de 1987
    Queridos pais e manos
    Como vão as coisas por aí...
    .........................................
    Pessoal, ainda não recebi carta dos Meninos do Rio, mas já mandei um telegrama os parabenizando pois agora sou titio.

    Nova Iguaçu, 16 de outubro de 1987
    Queridos pais e irmãos,
    Por aqui estamos todos bem...
    ..................................................
    A neném passou o feriado do dia das crianças doentinha. Levamos ao médico na terça e ele diagnosticou infecção no intestino. Ela estava com disenteria e vômito. Não sustenta nada no estômago. Apesar de gordinha, ela ficou molinha, olhos caídos, de tão fraca.
    Quando ia comer algo chegava a tremer. Bem, aí o doutor passou dois remédios pra ela: Bactrin e Floratil e no dia seguinte ela já amanheceu melhor.
    Ontem fomos novamente ao pediatra e ele disse que ela já está boazinha. Ele havia passado uma dieta pra ela, não podia tomar mingau. Porém, hoje ela já está como era antes, toda alegrinha e brincalhona. E tomou até o mingau dela normalmente.
    Pois é, sobre a neném (a mais nova integrante da família), hoje ela completa sete meses. Com esse negócio acabou perdendo um quilo.
    Está pesando 7,950 quilos (ela perdeu um quilo, lembram-se?) mas fala dá dá dá... E às vezes ela diz Mã mã mã... Sem querer, é claro! E já é muito pirracenta: se tomarmos algo dela ela fica chorando e até “vança” para “morder” (ela não tem dentes. Ainda bem). Ela já sabe brincar de “Nerinho, nerinho... Tem!”
    Ah! Desde os cinco meses e alguma coisa que ela já senta, mas até hoje ela vira e não sabe se levantar de novo.
    Desde os três meses ela canta pra dormir, chupando o dedo e segurando uma fralda com a outra mão. Só dorme assim, cantando “ahahahahah...”
    Estamos enviando uma fotografia dela 3X4 que tiramos para fazer a carteirinha da clínica.
    Pois é pessoal, é assim que está a netinha de vocês... E sobrinha, claro. Todos a acham tão lindinha que amarramos (a mãe) uma “figurinha” com uma barbante vermelho no pulso dela. E com tantos elogios vou inscrevê-la no concurso da Sonora, é mole? Mas, pai coruja é assim mesmo. Vou esperar ela ganhar o peso que perdeu e a corzinha dela.
    ...........................................

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  7. Desculpe a baderna, mas quis postar na ordem certa... Apague, se der, meus erros!
    Bjos!

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    1. Quantas palavras para ler, quantas lembranças para tentar recuperar, quantas lágrimas a derramar... Fotos antigas que puxei pela memória fizeram de seus textos mais tangíveis do que eu poderia supor. Lembro-me certamente, da minha própria "fofura" e das dobrinhas decorrentes dela e lembro-me da fitinha vermelha amarrada no braço. Sobre ser marrenta, nem preciso puxar na memória, e a foto 3x4 (essa mesma da carta) ainda hoje a tenho e a carrego em minha carteira, pouco mais de duas décadas depois - quase três, na verdade!! Tudo o que me falou me emocionou tanto e de tantas formas que nem poderia explicar. Queria poder sentir tudo isso de novo... Queria que a vida não fosse tão amarga para você, queria ouvir mais risos e menos gritos, queria sentir mais de suas alegrias e menos de autopiedade. Se imaginasse o tamanho da falta que sinto de você, do sorriso frouxo e das histórias sem fim. E você continua a se afastar... Diz que está aqui, mas não está! Segui os últimos dez anos, sozinha. Cuidando de todos e cuidando sozinha de mim mesma. Suprindo necessidades que não eram de minha responsabilidade. Uma vez você me disse que, daquele certo ponto em diante, nós daríamos às mãos e eu deveria passar a te ajudar, seríamos um time. O que você não percebeu foi que quem rompeu o pacto foi você, deixando-me sozinha, desamparada e com medo, e tendo que arrumar forças de onde não as tinha... Você largou a minha mão! Largou há tanto tempo que já nem me lembro mais. Às vezes te odeio por isso, mas quase sempre, amo-te dolorosamente! Você sempre será o meu pai, o herói que não salva as donzelas, mas ainda veste a fantasia. Sinto sua falta... Eis que ainda estou roliça e marrenta, cantando para dormir, e buscando sua atenção. Amo-te, dolorosamente, pai! Para sempre sua “Taí-me”!

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  8. No texto anterior (pra não bagunçar mais este blog lindo de viver) não amarramos uma figurinha e sim uma "figuinha", tá?

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  9. Missiva a um pai distante

    Lembro que eu tinha uma foto. Era de um pai (o meu) atrás de um balcão com um dos braços esticado apontando o fotógrafo e com o outro enlaçando um menino com os seus dois anos, bochechudo, olhos agateados, redondinho. A face sorridente encarava o garoto, que sem entender olhava na direção apresentada. O menino era eu, segurando uma bola, com um shorts amarelado, com alguma gravura que não lembro mais.
    Lembro que tinha esse “retrato”! Apenas lembro, pois na intenção de copiá-lo acabei o perdendo no tempo. Isso me dói.
    Tentei reproduzir a mesma cena com meus filhos. Ela está encravada na minha cabeça. Acho que posso reproduzir essa fotografia quando quiser. Outra cena que refiz com todos eles... São apenas três. Calma! A outra cena que refiz com eles foi uma onde eu e a mãe, dona Marina, fizemos com nossa primogênita, de meses, segurando-a em pé, de fraldas, em cima de um cobertor com figuras do Mickey Mouse. Eu de barba. Tinha que deixar a barba crescer para simular a mesma cena. Os cobertores também eram outros, mas com a mesma ilustração. Os três tão parecidos que eu brincava com os amigos pedindo para que os identificasse um a um.
    Mas, e aquele pai? Sempre deu atenção incondicional ao garoto da bola? Sim. E a todos os outros filhos. Nunca deixou faltar alimentos. Faltava carinho explicito, mas não faltava educação, direcionamento ao bem.
    Uma vez aquele menino da foto, maiorzinho, foi comprar leite para o irmão caçula, acompanhado de seu irmão menor. Comprou o leite e, no descuido do vendedor, vendo a vitrine com alguns pães resolveu pegar um. Tinha nove anos, já devia saber que aquilo era errado. Pegou a mão do menor, aliciando-o a cúmplice, e voltou pra casa satisfeito. Estava levando o pedido e mais um pão.
    Em casa, questionado, falou sem hesitar que tinha pego na mercearia do “seu” José. Volte e vá deixar, pois isso não se faz! Chamou seu conluiado e voltou, mas ao chegar perto pediu para que o irmãozinho, menor três anos, fosse levar o pão. Nisso, eis que ele chega por detrás e lhe apanha pela orelha, encaminhando-o ao comercio para desfazer o malfeito. Aprendi. Isso é furto.
    Em casa uma surra me esperava. Na primeira taca, de mão mesmo, esquivei-me, que não besta, apenas ágil. Era. Ele quase acerta a mão na perna da mesa. A coisa piorou e só parou quando minha mãe disse que chegava. Aprendi 2. Nunca se esquivar dos “conselhos” do pai.
    Eu odiava meu pai. Ele me dava umas tacas de vez em quando. Merecidamente... Às vezes.... Eu achava. Hoje tenho certeza que mereci.
    Tenho uma foto (Acho que ainda tenho), em Santarém, com ele participando de um mutirão para construir a escola onde eu iria estudar. A escola do “seu” Ramiro, lembro. Caderno costurado à mão, lápis com borracha de conta-gotas.
    Mas, esse pai, taxista, levava- me para passear no carro em que trabalhava. Eu ia abaixado até pegar o passageiro. Ele conversava com ele que aquiescia a carona. Aí eu levantava a cabeça ia todo feliz. Parecia cachorro de madame, olhando a janela e me deleitando com Manaus. Fez a mesma coisa com os outros filhos. Um por um, claro.
    Muitas vezes ele levava toda a família pra saborear um sorvete no centro. Ver a noite... As luzes de Manaus. Aí, já éramos oito. Temos dois manauaras na família. O resto é de Santarém do Pará. Inclusive nossa mãe. O Velho era do Ceará. Caba da peste, bicho que nunca tinha morrido e nem tinha inveja de quem já morrera.

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  10. Nessas ocasiões, invariavelmente ele passava “com borra” no “buraco do pinto”, uma baixada em forma de ‘U” que causava uma enorme turbulência na tripulação do fusquinha. Era o maior barato, depois do susto, claro.
    Não odiava meu pai, não. Era o jeito dele. Teve que se virar. Estudou pouco. Mas, tinha uma das letras mais lindas que já vi. Caligrafia mesmo. A ortografia não era boa, a letra... Vamos respeitar! Minha mãe também. Era exigência nos primeiros anos de estudo. Nunca consegui uma letra daquela.
    Um dia ele chegou com uma caixa enorme e meu deu. Abri todo curioso. Caral**! Era uma acordeom linda, vermelha... Nunca me esqueci a marca: Todeschinni. Linda! Brilhante! Cento e vinte baixos! Logo, ele a colocou em mim e pensei que ia sair tocando. Nada. Mas, não vamos desistir... Aos sábados ele ia buscar o músico que a vendera. Sei lá o que ele dizia para convencer o senhor a sair de seus afazeres para ir lá em casa, longe pra Dedéu, ensinar a um moleque que não tinha a menor aptidão. Comprava guaraná e a mamãe preparava um bolo. Virava festa. Mas... Não aprendi.
    Outra vez me levou a casa de um pintor de quadros, paisagista. O cara era bom. Fazia as folhas com a ponta do pincel, rápido. Gostei, era mais fácil que tocar aquela “droga”. Comprou todo o material que o homem indicou e comecei a pintar.
    Hoje ainda sei alguma coisa nessa área. Estou até ansioso para criar meu atelier. Gosto de pintar. Sou melhor copista, mas crio algumas coisas, também, no meu próprio estilo. Ou seja, na minha própria “escola”.
    Papai adorava me fazer desenhar para mostrar aos outros a minha “facilidade”. Os outros gostavam... Isso me dava altivez de mim mesmo. Imagino o orgulho do “seu” Inácio, meu pai.
    Era o mesmo pai que chegava com uma porção de gibis que sentava a mão no cocuruto para parar de ler e fazer alguma coisa, para ajudar na casa.
    Égua do pai. Ele também não podia me ver dormindo, mesmo em dia de “folga”, que gritava, balançando os punhos da rede: “Acorda pra cuspir!”
    Só meu pai, mesmo. Costumo dizer que quando ele não tinha nada pra fazer desmontava uma parte da casa pra refazer. Tava dormindo e acordava com “lixo” caindo do telhado e o sol me despertando dos sonhos mais lindos.
    Era assim meu pai. Eu, pobre, só tinha aquele. Que me passava “carão” para eu fazer as coisas. Certas. Estudei em colégio chic, meu. Só eu usava bermuda. A exigência era calça comprida, mas o dinheiro não deu. E cá pra nós, eu percebia que cor não era a mesma. Magenta. Estava mais pra encarnado. Mas, não sofri bulling por isso. E foi só no primeiro ano, tá?
    Eu amava meu pai. O cara era fera no que se propunha: cuidar dos filhos e da família. Tinha lá seus defeitos. Muitos. Mas, era um carneiro pronto para defender o rebanho.
    E pensar que nos dia de hoje, recentemente, descobri que o velho não tinha feito questão de que eu existisse! Chegou a propor “meisinhas” para que a mamãe me abortasse.É mole? Tu é dois, é?
    Não sei qual o motivo que o velho não me queria. E eu o odeio por isso? Hum hum. Sei porque estou por aqui. Eu o amo, pois sei que ele não me queria porque não me conhecia... Quando fomos apresentados passou a me amar...
    Do seu jeito de amar, claro!
    Saudades, meu papai!

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