Lua (s)
A lua, apesar de ser só uma,
divide-se, admiravelmente, em quatro! Quatro partes diferentes de uma coisa só.
Um só ser em quatro fases, quatro vidas.
Há a lua minguante. Fininha e
magrinha. Que, a princípio, pode parecer simples demais e talvez sem encantos,
mas ela possui uma beleza ímpar que só é percebida se você analisá-la mais
atentamente. Permita-se olhar para ela e veja o que os outros não veem. Perceba
que ela é sensível, que ela pode ouvir seus lamentos e que está sempre sorrindo.
Mesmo que seja aquele sorriso fininho e malicioso, o que importa é que ele está
sempre lá!
Há a lua crescente. É uma lua
cheia de incertezas, que não tem consciência de sua própria beleza e se sente
insegura por não ter uma forma certa. Ora se sente pequena demais diante da
noite e busca incessantemente ser maior do que é; e ora se sente de um tamanho
que não se adequa ao mundo e tem vontade de sumir. Mas, no meio da confusão que
seus vários tamanhos lhe causam, ela mantém o constante sorriso por entre as
noites.
Há a lua cheia. Esta certamente é
a mais majestosa de todas. É de uma beleza imensurável capaz de tornar tudo o
que toca mais bonito do que é. Quando aparece, todos os olhares voltam-se para
ela sem que ela os solicite, simplesmente por ela ser como é. E apesar de ela
ser assim tão grande e tão admirável, é de uma simplicidade maior ainda. É a
lua mais bela e mais iluminada e é a inspiração para todos que estão ao alcance
de sua luz.
Por último, mas não menos
importante, há a lua nova. É uma lua completa, perfeita. Tão maravilhosa quanto
qualquer outra, mas que por algum motivo está encoberta. Todos sabemos que ela pertence
à noite, pertence às luas, mas não a vemos. Não sabemos ao certo o seu paradeiro,
se pretende ficar ou pretende ir. Mas ainda a sentimos aqui e, quando olhamos
para a noite, sempre desejamos que ela, com o restante das luas, permaneça.
Mas o fato é que, estejam juntas
ou separadas, as luas são uma coisa só. Vagueiam por entre as noites sempre de
mãos dadas e seguindo o caminho rumo ao infinito, sempre juntas. Porque são
quatro luas em uma. Quatro almas em um só ser. Quatro vidas em um só coração.
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