segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Proseando...


  Reencontro


   “Sinto sua falta...”, foi o que ela disse, com esforço. Seus olhos mal se levantavam, não o fixavam diretamente. Suas mãos tremiam, assim como seu coração. E ele respondeu rapidamente: “Eu estou aqui!”. Mas também não conseguiu fitá-la. Suas palavras foram ditas em sussurro, mas havia uma urgência tamanha em sua voz, que se aproximava ao desespero.

    E eles faziam tanta falta um para o outro, mas o que eles não entendiam era em que momento se distanciaram se era tão nítido em suas palavras a necessidade de estarem juntos. E cada um refez em seus pensamentos a trajetória de tudo o que acontecera até ali. Não houve, entretanto, uma resposta certa para esta questão.

   Mas era certo que isso ocorrera. Uma parede foi tomando forma entre os dois. Talvez um pudesse pôr a responsabilidade no outro, ou a culpa poderia ser de nenhum dos dois... Ou de ambos! As conversas foram ficando escassas e levaram consigo os sorrisos e os abraços. A cumplicidade que outrora houvera agora era quase um incômodo de não saber agir na presença do outro...

    Talvez não saber agir não seja o termo correto. De fato, eles sabiam o que queriam: queriam um ao outro, queriam abraço demorado, acolhimento sincero, mãos entrelaçadas e comentários bobos (ou intelectualizados) sobre os acontecimentos da vida. Da vida dos dois, da vida de cada um, da vida de qualquer um...

   O fato era que ambos guardavam esses pensamentos em seus respectivos corações. Bloquearem isso dentro de si mesmos e por mais que suas almas gritassem uma pela outra, era o silêncio que reinava pelos cômodos da casa.

    Houve, porém, este dia! O dia em que a angústia, há tanto sufocada, alcançou a superfície. E a dor resolveu falar mas, tão angustiada estava, externou-se em forma de sussurros. Até porque era difícil para eles viver esse momento. Ela era orgulhosa e nunca gostou de expor suas dores e ele, irritadiço e sempre muito certo de suas opiniões.

    Mas houve, enfim, esta ocasião em que os olhos estavam voltados para o chão e cada boca pronunciou apenas três palavras:
- Sinto sua falta...
- Eu estou aqui!

   E nada mais precisava ser dito! Entretanto, as lágrimas cuidaram de continuar este diálogo mudo, tão bem compreendido por ambos. As mãos se tocaram e ele a puxou para seus braços, para seu colo. Ela, por sua vez, encostou suavemente a cabeça nos ombros dele - lugar que há tanto buscava.

  Depois de algum tempo imóvel, ela sorriu. Sentiu-se feliz novamente. Sentiu-se aquecida, acolhida, amada! E ele sentiu o abraço que tanto havia esperado, que tanto havia pedido em silêncio. E seus corações pulsavam em um mesmo ritmo acelerado! E suas mãos, que acariciavam um ao outro diziam que em nenhum momento eles haviam deixado de se amar.

   Ela, então, aconchegou-se no colo dele, fechou os olhos, e lá ficou. De alguma maneira ela sabia que tudo iria melhorar e teve certeza, novamente, de que o amor que existia entre eles duraria para sempre.

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