Solidão
Estou sozinha em meu quarto. É nesse momento que os pensamentos, principalmente os mais longínquos - aqueles que mantenho guardado bem no fundo da alma -, aproximam-se. E eles vêm e me cercam, e eles acabam por ser a minha companhia, minha única companhia. E como eles soam alto e claro no silêncio, e como ressoam nas paredes do cômodo que acomoda a minha alma!
E penso no que sou, mas principalmente no que
não sou; e penso no que fiz, mas muito mais do que eu gostaria de fazer; e
penso no que me espera, mas será mesmo que algo me espera? Como seria se tudo
fosse um pouco mais fácil? Como seria esse o amanhã fosse um pouco mais claro? Como
seria se a solidão estivesse um pouco mais além?
E percebo que nada tenho na
verdade, nada que eu possa, de fato, chamar de meu! Não aqui, não neste
lugar... Onde então? Busco pelo local onde eu tenha mais do que a incerteza do
amanhã. Que a madrugada acabará e eu o dia nascerá, isso não posso negar...
Resta saber quando, afinal, o sol brilhará para mim!
Mas não, por enquanto. Por ora, somente
o silêncio da noite e a companhia da solidão. De vez em quando uma ou outra
lágrima e um acalanto do vazio. Estou deitada na escuridão... E dos pensamentos
que vieram esta noite me visitar e deitar minha cabeça no travesseiro das dúvidas,
uma única certeza: a de que estou sozinha em meu quarto.